Soluções de Panes:
Vamos falar sobre solução de panes?
Podemos dizer que no mundo existem dois tipos de operadores de armas de fogo: os que já tiveram que lidar com pane na hora dos disparos e os que ainda vão ter que lidar com esse incidente de tiro.
Várias são as causas e os tipos de pane que podem ocorrer no momento dos disparos de arma de fogo.
Certo é que mais de 90% das panes serão causadas por algum componente da munição, seja uma espoleta que não inicia, pólvora úmida, estojo com base estufada, etc. Mas também é possível a ocorrência de panes por falha no armamento, normalmente por falha nas manutenções, seja ela preventiva, ou até alguma modificação não adequada. Também é certo que dada a variedade de causas de uma pane, existem também uma grande variedade de panes.
Se então é verdadeira a premissa de que se você ainda não enfrentou uma pane durante disparos o seu dia vai chegar, é melhor estar preparado para solucionar a pane da forma mais eficiente e rápida possível. Durante um treinamento o tempo de solução de uma pane não fará diferença, durante uma competição pode lhe custar segundos preciosos e durante um combate real pode ser a diferença entre sair ou não vivo.
Não tem o presente texto qualquer intenção de esgotar o assunto, mas somente trazer uma pequena abordagem sobre o tema, mas mais importante, chamar a atenção à necessidade de treinamento para o enfrentamento desse fenômeno.
Vamos falar aqui também somente de panes em armas curtas, revólveres e pistolas, começando pelas possibilidades de panes em cada uma dessas espécies.
O revólver pela sua simplicidade no mecanismo de funcionamento, raramente apresenta panes oriundas do armamento. A quase totalidade das panes em revólveres são as causadas pela munição.
E assim sendo, a simplicidade de funcionamento de um revólver fará com que as panes oriundas da munição sejam facílimas de sanar, bastando pressionar o gatilho novamente nos revólveres de ação dupla, ou puxar o cão a retaguarda e puxar o gatilho nos de ação simples.
Essas manobras nos revólveres causará o giro do tambor apresentando uma nova munição para disparo que, espera-se, não apresente a mesma pane da anterior.
Fora as citadas panes de "nega" que são a maioria das panes causadas pela munição, temos algumas outras raras, mas dificílimas de sanar.
Nos Revólveres podemos citar 3 das mais comuns que são: a folga da vareta de extração que fará com que o tambor não abra. Sua solução envolve usar alguma técnica para reapertar a vareta sem abrir o tambor; temos também a pane causada quando de alguma forma o culote da munição passa para baixo do extrator, o que impede o fechamento do tambor e sua solução consiste em passar novamente o culote da munição para cima do extrator; e por fim temos a pane causada pelo estufamento do estojo que acaba por dificultar a extração do estojo impedindo um novo carregamento. A solução dessa pane consiste em exercer uma força maior na vareta do extrator com a devida cautela de não danificá-la.
Assim, apesar da facilidade de resolver a pane mais recorrentes que é a de falha de percussão, qualquer outra pane em revólveres é dificílima de ser sanada e certamente irá lhe tirar de combate.
Ao iniciar a abordagem das panes possíveis em pistolas é preciso que se entenda que dada a complexidade/diversidade de armas da desta espécie, consequentemente temos uma diversidade tamanha de panes e soluções.
Da mesma forma que nos revólveres, a maior parte das panes em pistolas é causada pela munição, contudo, mesmo a simples falha de percussão, dada a diversidade de mecanismos das pistolas, pode acabar por apresentar uma pane diferente em cada caso. Vamos abordar de forma simplista e resumida algumas dessas panes e soluções.
Pane de percussão.
A mais comum das panes é sempre a "nega" que, tecnicamente, é uma falha de percussão, que pode ter sido causada por um espoleta ruim ou mesmo por problemas no percutor da arma.
Quando a falha de percussão se apresenta simplesmente com a falta do disparo, a forma mais comum de solução é a manobra do ferrolho, que ejetará a munição que falhou e alimentará uma nova munição na câmara para disparo.
Pane de trancamento.
Normalmente causada quando o estojo está estufado na base, ou o comprimento da munição está fora dos padrões, esta pane se apresenta pelo não fechamento total da arma, o ferrolho permanece aberto, mesmo que milímetros, impedindo o disparo. Nesse caso a solução mais simples é um "tapa" na parte de trás da arma causando o trancamento do ferrolho e possibilitando o disparo.
Pane de falha de alimentação.
Essa pane se apresenta com a falta de munição na câmara após o disparo, mesmo ainda restando munição no carregador. A causa mais comum dessa pane é o carregador mal encaixado no fosso. Por algum descuido na hora de inserir o carregador esse não ficou bem travado no seu alojamento, vindo a sair da posição onde o ferrolho consiga pegar a munição para alimentar na câmara. A solução dessa pane consiste em dar um tapa seco na base do carregador e manobrar o ferrolho novamente inserindo uma nova munição na câmara.
Pane de chaminé
Normalmente causada falta de pólvora ou alguma falha de extração, essa pane se apresenta com o estojo preso na janela de ejeção, normalmente apontado para cima, daí o nome de pane de chaminé pois o estojo fica parecendo uma chaminé na arma. A solução para essa pane em especial seria deslizar a mão junto ao topo do ferrolho, arrancando esse estojo daquela posição e permitindo o trancamento da arma e consequentemente um novo disparo.
Pane de dupla alimentação.
Sendo a mais temida das panes de pistola, pois umas das mais difíceis e demoradas de solucionar, essa pane se apresenta quando a arma já está com uma munição na câmara, deflagrada ou não, e o ferrolho tenta alimentar uma nova munição na câmara. Uma vez que ainda existe uma munição na câmara, a nova munição trazida pelo ferrolho não tem onde entrar, ficando emperrada dentro do ferrolho. A solução para essa pane é o arrancamento do carregador e a manobra do ferrolho quantas vezes forem necessárias até a extração de todas as munições presentes na arma para só então recolocar o carregador e manobrar o ferrolho novamente para alimentar uma nova munição na câmara.
Vejam que foram apresentadas cinco diferentes panes das mais comuns em pistolas e cinco formas diferentes de solução. A solução dessas panes, em tese, teria que passar pela análise do armamento para se identificar qual pane se apresentou para então aplicar a solução conforme o caso.
Com a diversidade de panes e soluções possíveis, a análise, identificação e solução da pane pode tomar um tempo precioso, daí que se criou um método que vai resolver todas as panes citadas, exceto a dupla alimentação, o "tapa e golpe". Alguns ainda complementam como "tapa, golpe e disparo", uma espécie de tradução do "tap, rack, bang". Essa solução consiste numa sequência de movimentos que, se bem treinados, podem ser realizados em um tempo bem pequeno, dispensando as etapas de análise e identificação da pane passando direto para a fase da solução da mesma.
O "tapa" consiste em dar uma pancada firme e seca na base do carregador e o "golpe" é o ato de manobrar o ferrolho em movimento contínuo e fluído após o "tapa".
Essa sequência de movimentos, como já dito, sana quase todas as panes que se apresentam em pistolas, pois não só trocam a munição que se encontra na câmara mas também atua em partes móveis do armamento que poderiam ser causadoras dessas panes.
Atenção especial precisa ser dada à pane de dupla alimentação, essa pane não é possível de ser resolvida pelo método "tapa e golpe" é necessário realizar o procedimento já descrita acima para sanar essa pane em especial.
De toda forma, seja pela escolha de sanar cada pane pelo seu método, ou usar o "tapa e golpe" como coringa na solução de panes em pistolas, em ambos os casos a palavra chave é TREINAMENTO.
Escolha a técnica, ou as técnicas, que melhor se adaptam a você, e treine sempre, você pode não saber quando vai precisar sanar uma pane, mas é certo que em algum momento precisará fazê-lo
Treine, Treine, Treine e quando achar que já está bom, Treine mais um pouco.
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